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MP-RS denuncia delegado e policial civil por corrupção e omissão em Sapiranga


O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou uma denúncia contra o delegado Fernando Pires Branco e o policial civil Carlos André Medeiros, ambos de Sapiranga, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por corrupção e omissão.


A Justiça aguarda a defesa prévia dos acusados para decidir se aceita a denúncia e abre processo. O corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Joerberth Nunes, garante que as denúncias foram investigadas e que não foram encontrados elementos para responsabilizar criminalmente os denunciados.


A denúncia partiu do ex-presidente do Conselho Pró-Segurança Pública da cidade, Darcy Leão, após frequentar a delegacia em razão de uma obra no prédio feita pelo Consepro.


“Convivendo praticamente todos os dias com eles, a gente começou a perceber que tinham coisas erradas. Alguns policiais da nossa maior intimidade comentavam e se queixavam do que estava acontecendo”, diz o empresário e ex-presidente do Consepro.


Ele afirma ainda que ouviu relatos de policiais que não concordavam com os supostos crimes, envolvendo apropriação de bens durante o cumprimento de mandados de busca.


“Dinheiro, por exemplo, eles se apropriavam de tudo. Teve caso que, inclusive, eu tenho vídeo da pessoa me contando tudo que levavam. Até garrafa PET de moedas do filho dele”, reforça Leão.


O delegado de Sapiranga diz que sofre perseguição e que foi alertado sobre as supostas irregularidades.


“Aconteceu apenas uma vez. Dois policiais vieram até mim noticiar um fato onde supostamente houve um desvio. Eu solicitei ao final da conversa que eles formalizassem isso, para que a gente pudesse apurar. Eles disseram que não tinham provas do que estavam falando, então, frente a esse fato, não houve prosseguimento na apuração”, afirma.


Já o advogado Marcelo Almeida, que representa o policial civil, diz que ele foi transferido de delegacia e que aguarda nova lotação. A defesa nega todas as acusações.


“Infelizmente, a história deste caso penal não é a história do Carlos Medeiros. A história deste caso penal é a história de como essas facções criminosas conseguiram alterar a verdade dos fatos manipulando depoimentos. Diversas pessoas que foram presas pelo Carlos prestaram depoimentos alterando profundamente a verdade “, alega Marcelo.


Entenda a denúncia


A denúncia do Grupo de Combate ao Crime Organizado do MP-RS (Gaeco) aponta 13 fatos. O então chefe de investigações de Sapiranga, Carlos André, e Fernando são acusados de corrupção passiva e prevaricação, que é quando o funcionário público deixa de cumprir seu dever funcional.


Segundo o MP-RS, para não ser investigado, um suspeito de agiotagem pagou reformas na delegacia e cedeu um apartamento para Carlos André morar. O inspetor e o delegado ainda deixaram de reunir provas e coletar depoimentos contra um motorista suspeito de estar bêbado quando causou um acidente com morte.


A denúncia aponta ainda que, durante uma operação, em maio de 2018, o policial teria se apropriado de um aparelho celular que custa cerca de R$ 3 mil. Ao grampear o então chefe de investigações, os promotores descobriram que o código do aparelho era o mesmo celular apreendido de um suspeito de operar máquinas caça-níqueis.


Os promotores do Gaeco afirmam também que os suspeitos de crimes pagavam para não serem presos. Por R$ 30 mil, Medeiros teria liberado um suspeito de assassinato. De acordo com o MP-RS, ele ainda ficaria com o dinheiro recolhido.


Em depoimento, um preso por latrocínio, que é matar para roubar, disse que o policial civil retirou R$ 300 do bolso dele. Ele também teria ficado com seis cheques de R$ 5 mil cada, apreendidos com ele, e mais R$ 5 mil em dinheiro, totalizando R$ 35 mil.


Na denúncia, os promotores citam o relato do ex-presidente do Consepro, apontando uma suposta conivência do delegado e até mesmo supostas retaliações a policiais que discordavam.


“Esses policiais, ao invés de o delegado ouvi-los, investigar e ver o que estava acontecendo, aconteceu contrário. O delegado se posicionava contra esses policiais”, afirma Leão.


Corregedoria alega que não há elementos para responsabilização criminal.


O ex-presidente do Consepro diz que fez as mesmas denúncias à Corregedoria da Polícia Civil há dois anos.


“Logo é tudo abafado e arquivado, mesmo com todas as provas que eu levei. Outra pessoa também fez a denúncia e, por mais provas que a gente levasse, simplesmente ‘morreu na casca'”, comenta sobre a apuração interna não ter ido adiante.


O corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Joerberth Nunes, garante que as denúncias foram investigadas.


“O fato de você trazer uma denúncia não quer dizer que você traz junto com ela elementos que instruam de forma a responsabilizar alguém. Providências foram tomadas, está tudo relatado, mas entendemos que naquele momento não tínhamos elementos para responsabilização criminal dos denunciados”, assegura o corregedor-geral.


Fonte: G1


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