A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, no sábado (23), que a varíola dos macacos (monkeypox) tornou-se a nova emergência de saúde global. A resolução foi tomada, sem consenso, em reunião do Comitê de Emergência da Varíola dos Macacos na última quinta-feira (21).
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a decisão foi tomada para melhorar a resposta internacional ao vírus, que se espalhou por mais de 75 países. O dirigente afirma que foram cinco elementos que embasaram a decisão.
As informações fornecidas pelos países mostram que o vírus se espalhou rapidamente, inclusive para muitos países que não o viram antes;
Os critérios para declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional foram atendidos;
O parecer do Comitê de Emergência, que não chegou a um consenso;
As evidências e informações relevantes sobre a doença, que ainda são insuficientes;
O risco para a saúde humana, disseminação internacional e o potencial de interferência no tráfego internacional de pessoas.
Junto com a declaração, a OMS separou quatro grupos de países a depender da situação epidemiológica e lançou diretrizes para trazer eficácia ao combate à doença.
"Além de nossas recomendações aos países, também peço às organizações da sociedade civil, incluindo aquelas com experiência no trabalho com pessoas vivendo com HIV, que trabalhem conosco no combate ao estigma e à discriminação", disse.
“Com as ferramentas que temos agora, podemos interromper a transmissão e controlar esse surto”, afirmou Adhanom.
O que é uma emergência de saúde global?
Segundo a OMS, trata-se de um “evento extraordinário”, que constitui risco de saúde pública por meio de disseminação internacional, e potencialmente requer uma resposta internacional coordenada.
Como estão os casos no Brasil e no mundo?
A varíola dos macacos registra mais de 16 mil casos, relatados em 75 países, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
O Ministério da Saúde contabilizou, até esta quinta-feira (21), 592 casos confirmados de varíola dos macacos no Brasil.
"Decidi declarar uma emergência de saúde pública de alcance internacional", disse Tedros em entrevista coletiva, afirmando que o risco no mundo é relativamente moderado, exceto na Europa, onde é alto.
“Embora eu esteja declarando uma emergência de saúde pública de interesse internacional, no momento este é um surto que se concentra entre homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais”, disse Adhanom.
“Isso significa que este é um surto que pode ser interrompido com as estratégias certas nos grupos certos”, acrescentou.
Como a varíola dos macacos virou uma emergência de saúde global?
A avaliação da situação foi feita em reunião do Comitê de Emergência sob o Regulamento Sanitário Internacional, da OMS, na última quinta-feira. Não houve consenso entre os integrantes de que a doença se enquadraria na situação de emergência de saúde global, mas Adhanom decidiu classificá-la mesmo assim.
“A avaliação da OMS é que o risco de varíola é moderado globalmente e em todas as regiões, exceto na região europeia, onde avaliamos o risco como alto”, disse diretor-geral da organização.
Adhanom afirma ainda que existe também um risco claro de maior disseminação internacional, embora o risco de interferência no tráfego internacional permaneça baixo no momento.
“Então, em suma, temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo, através de novos modos de transmissão, sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios do Regulamento Sanitário Internacional”, acrescentou.
O que faz a OMS em uma emergência de saúde global?
Em geral, a OMS colabora com as autoridades de saúde dos países-membros para evitar a propagação da doença, em ações como vigilância, atendimento clínico, comunicação de risco, diagnóstico laboratorial e resposta para prevenir novas infecções.
Neste sábado, a organização publicou as primeiras diretrizes focadas em grupos de países em diferentes fases da transmissão da doença.
Quais foram as recomendações da OMS para a varíola dos macacos?
A organização dividiu os membros em quatro grupos, de acordo com a situação epidemiológica da varíola dos macacos.
Grupo 1: sem histórico da doença na população humana ou sem ter detectado um caso de varíola por mais de 21 dias;
Grupo 2: com casos recentes e importados na população humana e/ou de outra forma com transmissão de humano para humano do vírus, inclusive em população-chave e comunidades com alto risco de exposição;
Grupo 3: com transmissão zoonótica conhecida ou suspeita de varíola dos macacos, incluindo no passado; em que a presença do vírus foi documentada em qualquer espécie animal; e aqueles em que a infecção de países de espécies animais pode ser suspeita;
Grupo 4: com capacidade de fabricação para defesas médicas.
No Grupo 1, a OMS pede principalmente que ativem mecanismos de coordenação multissetoriais para fortalecer a resposta e interromper a transmissão de humano para humano. Pede também treinamento a equipes médicas e que coloquem em prática mecanismos para impedir a estigmatização de doentes.
O Grupo 2, de situação mais preocupante, a OMS recomenda o mesmo do primeiro grupo, mas com metas de interrupção de transmissão, de proteção de grupos vulneráveis e de monitoramento do vírus. Até mesmo protocolos de tratamentos clínicos e de viagens devem ser estabelecidos para conscientizar a população dos riscos.
Para o Grupo 3, pede a coordenação colaborativa de saúde pública, veterinária e de vida selvagem para gerenciar o risco de transmissão de animais para humanos. Além disso, que os países realizem investigações e estudos detalhados de casos para caracterizar os padrões de transmissão e compartilhe as descobertas com a OMS.
Do Grupo 4, a orientação é aumentar a produção e a disponibilidade de medicamentos e vacinas, além de trabalhar com a OMS para garantir abastecimento a custo razoável para os países mais necessitados.
Se a varíola dos macacos não é uma doença nova, o que mudou?
A OMS afirma que, desde o início de maio de 2022, casos de varíola dos macacos foram relatados em países onde a doença não é endêmica (nativa, ou de transmissão comunitária), além de ser relatada em vários países endêmicos.
“A maioria dos casos confirmados com histórico de viagens relatou viagens para países da Europa e América do Norte, em vez da África Ocidental ou Central, onde o vírus da varíola dos macacos é endêmica”, diz o comunicado da OMS.
Segundo a organização, esta é a primeira vez que muitos casos foram relatados simultaneamente em países não-endêmicos, em áreas geográficas amplamente díspares.
Quais os sintomas da varíola dos macacos?
A varíola dos macacos é uma doença viral que costuma causar erupções na pele, que se espalham pelo corpo.
Veja os sintomas iniciais mais comuns:
febre;
dor de cabeça;
dores musculares;
dor nas costas;
gânglios (linfonodos) inchados;
calafrios;
exaustão.
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
As lesões passam por cinco estágios antes de cair, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.
Fonte: G1
Foto: Science Photo Library
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